domingo, 14 de fevereiro de 2010

Matrícula escolar: complicação inadmissível

Leitora brasiliense (ver primeiro comentário na postagem anterior) recorre a este blog para relatar problema que não deveria existir.

Ela mora no Lago Norte, em Brasília, e tem duas empregadas domésticas: a mais velha é a protagonista do caso na Vila Planalto; a mais jovem, recém chegada de Juazeiro, Bahia, deseja completar seu curso de nível médio e concorrer a uma vaga numa das universidades locais.

Na fase das negociações contratuais, com a família da moça baiana, foi feita a promessa de que a jovem teria todas as facilidades para estudar. A futura empregadora comprometeu-se, inclusive, de fazer, via Internet, a inscrição para a matrícula no curso supletivo da rede escolar da Secretaria de Educação.

Chegando a Brasília, as boas-vindas no aereoporto foram complementadas com o comprovante de inscrição no processo de matrícula. Depois do horror da primeira viagem de avião, sozinha, a boa notícia deu-lhe nova vontade de viver.

Logo no primeiro dia útil lá foi a moça ao colégio pré-determinado matricular-se, vibrando, quando então ocorreu o problema. Depois de satisfeitas todas as demais condições (histórico escolar, certidão de nascimento, identidade, CPF e o escambau) apareceu a exigência absurda: atestado de residência.

Poderiam ser apresentadas, por exemplo, contas de luz e água. Mas como, se é o patrão quem paga essas despesas e é em seu nome que as faturas são emitidas? A patroa, que esperava fora do colégio, interferiu e orientou a jovem a apresentar a declaração de inscrição que havia sido enviada pelo Correio em nome da candidata à matrícula, como comprovante de residência. NÃO ADIANTOU!!!! A COISA NÃO SERVIA PARA TAL.

Seria necessária a ida do patrão a um cartório preparar um substitutivo, com toda aquela parafernália cartorial.

Resta perguntar: será que a educação é mesmo prioritária no Brasil? Será que a educação não é mais prioritária para as autorides? Como deverá proceder jovem de rua, sem família, sem residência, sem identidade, sem CPF e sem CEP se quiser sair da armadilha social em que se encontra? Seria necessário, talvez, forjar um assalto para ser matriculado numa escola da FEBEM? A propósito, haverá escolas na FEBEM? Haverá escolas, nos presídios, para “autoridades” fajutas?

2 comentários:

Anônimo disse...

Meus cumprimentos! O caso está relatado nos trinques, como dizemos lá na fronteira com a Argentina, Santa Catarina e Uruguai (em órdem alfabética para evitar ciumeiras).

a) Gaúcha do Lago Norte (nossa Lagoa dos Patos no Planalto Central)

Anônimo disse...

Prezada gaúcha de muitas prendas e patroa cidadã,

Foi um privilégio servir de instrumento para essa denúncia.

Sou um admirador do Rio Grande do Sul e do general Osório, que merece ganhar um Prêmio Nobel da Paz póstumo. O Brasil, em vez de pleitear um lugar permanente no Conselho de Segurança da ONU, deveria propor, sim, a extinsão desse grupelho, assumindo o discurso do Marquês do Herval: "O dia mais feliz da minha vida seria aquele em que os exércitos confraternizassem entre si queimando seus arsenais."

Yncon, o guerreiro pacífico, defensor do dístico "Ordem, progresso e competância".